Uma história de superação

 

 

Foram dias bem difíceis. A depressão subtraiu a minha vontade de viver. Eu que era tão alegre e cheia de planos, me via mergulhada numa tristeza sem fim. O tempo passava e a esperança de que eu pudesse melhorar parecia cada vez mais distante. É um estado de apatia e desmotivação, onde tudo é feio e você perde, completamente, o chão. Assim permaneci por quase dois anos.

 

Quando penso em tudo o que passei, agradeço a Deus por ter uma família incrível. Embora eu tenha desistido de mim mesma, a minha família sempre esteve ao meu lado e nunca desistiu. Foi muito amor envolvido, imensa dedicação e paciência. A minha mãe e irmãos foram muito generosos e empenhados na minha recuperação, fizeram de tudo para que eu voltasse a ser eu mesma.

 

Nessa época, reencontrei um grande amor que me resgatou a autoestima, foi quando vi que eu tinha a chance de ser feliz novamente! O Alê, meu amigo e companheiro, sempre fazendo questão de me lembrar quem eu sou e o quanto eu ainda podia ser e realizar, afinal, ele me conhecia bem e não se conformava em me ver daquela forma. Ele foi e é o meu grande incentivador em tudo! 

 

Diante da melhoria do meu estado, fui obtendo novamente a capacidade de sonhar e projetar. A vontade de voltar a trabalhar era grande, precisava produzir, mas havia de ser algo que me falasse à alma e que eu pudesse me dedicar de coração e com intensidade.

Formada em Direito pela Universidade Federal de Uberlândia, tive a ideia de montar um escritório na Comunidade da Rocinha, local onde eu jamais havia entrado para conhecer.

Considerada a maior favela do país, com 220 mil habitantes, um mundo a ser desvendado, outra realidade pela qual eu ansiava em conhecer. 

 

Uma voz de dentro me alertava para as dificuldades. “Como eu seria recebida? Seria perigoso?” Fui determinada e, tão logo me apaixonei pelo projeto, que só me havia um pensamento: ”E porque não?” O escritório não contava com atendimento gratuito, nem qualquer tipo de filantropia, embora eu fizesse questão de que fosse acessível à população carente. Inaugurei a minha sala há cinco meses. Atendo pessoas com todos os tipos de problemas e expectativas, procurando sempre oferecer um serviço de qualidade e menos morosidade.

 

A satisfação de poder ajudar é indescritível, não só como advogada, até porque a transformação acontece rapidamente. Hoje, me sinto uma pessoa melhor, mais fortalecida e abençoada. O otimismo me fez enxergar a vida com uma nova lente. Aprendo sempre! Num exercício constante de dar e receber. Esta é a minha história e foi assim que voltei a sorrir.

 

Renata Cavalcanti

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